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Empregos em serviços dão salto após crise

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IURI DANTAS

Se a trajetória do migrante Luiz Inácio Lula da Silva começasse hoje, o ex-presidente da República teria mais chances de conseguir uma vaga, em São Paulo, em um setor de call center do que como torneiro mecânico numa fábrica.

A criação de empregos formais no setor de serviços acelerou após a eclosão da crise de 2008 e já cresce em ritmo duas vezes superior ao da indústria. No ano passado, o número de carteiras assinadas na área de serviços chegou ao dobro da força de trabalho empregada pela indústria.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pelo Ministério do Trabalho mostram um aumento de 29,8% nos empregos formais da indústria desde a posse de Lula até o estouro da crise financeira internacional, pouco abaixo da expansão em serviços: 32,6%.

Depois que o banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers faliu, em setembro de 2008, ocorreu uma mudança no quadro e o setor de manufatura passou a perder fôlego. As empresas de serviços assinaram 28,4% mais carteiras de trabalho e a indústria, 14,2%.

Uma das razões para a mudança é a taxa de câmbio: se os fabricantes de veículos reclamam a todo tempo da concorrência dos produtos asiáticos, o mecânico da esquina tem uma vida mais tranquila e não compete com os chineses.

“O dólar barato é um problema enorme. Contribui para o ritmo de emprego na indústria ser menor”, avaliou o professor Anselmo Luis dos Santos, do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O setor de serviços não sofre isso porque se beneficia do aumento de renda e do mercado de consumo.”

A entrada de importados baratos, que se tornou mais intensa no ano passado, cobrou o preço da indústria. Segundo o Ministério do Trabalho, as fábricas criaram 215.472 vagas de emprego em 2011, na comparação com as 935.537 carteiras de trabalho adicionais assinadas em serviços.

A inserção de milhões de brasileiros ao mercado de consumo nos últimos anos, somada ao maior acesso a crédito, elevou a demanda por serviços e, consequentemente, o valor cobrado por eles.

Preços
De acordo com o Instituto Brasileiro e Geografia e Estatísticas (IBGE), cabeleireiros, dentistas, cinemas e cursos ficam cada vez mais caros e os serviços representaram a maior dor de cabeça inflacionária nos últimos anos. Nos 12 meses encerrados em janeiro, o aumento de preços foi de 9,95%.

Difícil para o consumidor brasileiro, que gasta mais para alugar filmes e acessar a internet, mas uma ótima notícia para quem fornece esses serviços.

Dessa forma, a visão tradicional de que a indústria fica com as melhores vagas de trabalho começa a mudar na sociedade brasileira.

“Quanto maior a demanda, maior o salário”, assinala a economista Marianne Hanson, da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “O setor tem apresentado ganhos reais e tem sido difícil encontrar pessoas disponíveis, o comércio vem absorvendo trabalhadores mesmo sem experiência”, afirma ela.

Levantamento do IBGE divulgado este mês mostra que a folha de pagamento da indústria cresceu 4,2% no ano passado, abaixo da inflação oficial (6,5%). O aumento no número de trabalhadores industriais apurado pelo instituto, que inclui também vagas sem vínculo formal, foi de 1%.


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